quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Prefeito e vereadores revelam como foi a manobra que impediu CPI

Do Blog do Ney Lima.
Imagens acima mostram a sessão que deu toda a origem da manobra política que impediu que mais um pedido de CPI fosse engavetado. Fotos: Thonny Hill e Ney Lima.
Na noite terça-feira (05), o vereador Vânio Viera (PSDB) entregou, em nossa redação, o áudio gravado de uma polêmica reunião entre os vereadores de Situação, o ex-secretário de Planejamento e Gestão Luciano Bezerra (PR), o prefeito Edson Vieira (PSDB) e o procurador da Prefeitura, o advogado Marcelo Diógenes.

Na pauta principal, o vazamento de informações que falavam  de fatos que antecederam a realização da manobra política em 08 de maio deste ano na Câmara de Vereadores (registrados seus participantes nas imagens que abrem esta matéria), para impedir que a CPI dos Eventos Públicos fosse instaurada contra a atual gestão.

Relembre do caso:

As denúncias que geraram o pedido vieram a público quando o produtor de eventos Marcelo Fama denunciou que o valor pago pelo uso da estrutura de som no aniversário solidário da primeira dama, Alessandra Vieira (PSB), realizado em 17 de setembro de 2013, foi incluído em outros eventos promovidos pela Prefeitura Municipal.

Na época, Marcelo também denunciou que outros empresários do ramo de iluminação, montagem de grids e telões colocarem suas estruturas em tais eventos públicos pagariam propina de 10% dos valores cobrados ao produtor de eventos Allan Reboque que, segundo as denúncias, presta serviços ao município.

Na manobra, o vereador Zé Minhoca (PSDB) protocolou um requerimento pedindo a CPI, mas que, na hora da votação, ele e mais oito vereadores votaram contra, fazendo com que essa mesma CPI, caso fosse pedida novamente, não poderia mais ser iniciada naquela legislatura, sob a alegação de que requerimento com mesmo teor da matéria teria sido votado.

Nas gravações, Edson Vieira mostra sua insatisfação com o vazamento das informações, fator repetido também pelos vereadores, especialmente Junior Gomes (PSB) e Jessyca Cavalcanti (PTC – agora secretária de Articulação Política).

“O que não pode, é a gente estar aqui, combinando uma coisa e falar, traçar uma ideia e, quando é no outro dia, de manhã, o primeiro bom dia dizer: “isso, isso e isso”. Foi repassado para lá”, frisou Edson Vieira, citando o editorial feito por este blogueiro que revelou como seria a manobra para evitar a CPI dos Eventos.


O prefeito chegou a cogitar que um de seus vereadores estaria repassando informações privilegiadas a imprensa dessas reuniões, condição concordada por Junior Gomes.

“Na bancada que a gente tinha, na legislação passada, quando a gente tinha que fazer reuniões e quando estava a bancada toda, e Nanau estava, tinha coisas que podiam dizer e tinha coisas que não podia dizer não, porque sabia que ia vazar… E agora está do mesmo jeito”, frisou, mostrando que tinha suas desconfianças em quem teria vazado tais informações, sem dizer nomes.


Detalhes mais evidentes da manobra política para evitar a CPI dos Eventos Públicos


Durante as gravações, é falada sobre como seria a manobra para que a CPI dos Eventos, de vontade da bancada Oposição, tivesse seu pedido anulado. Citamos aqui quatro dos depoimentos mais contundentes e que revelam o esquema em detalhes, do fato que foi concordado por todos os que lá estiveram.

O prefeito Edson Vieira afirmou que a CPI seria para criar mais um fato político em seu governo e cita os passos de como seria o esquema, para evitar que o requerimento que seria apresentado pela Oposição, e que pedia a instauração da CPI, não tivesse validade e destacou o papel de toda a bancada de vereadores para que isso acontecesse, citando que o que estavam fazendo com seu governo seria uma “pura sacanagem”.
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“Chamei Junior (Gomes); chamei Dida (de Nan), líder do governo; chamei Marcelo (Diógenes) advogado e aí conversando, me ajudando… Como é que é… O que foi que surgiu?! Surgiu uma ideia e o colega botou a técnica em prática, que poderia ser qualquer um aqui que… E disse: ‘Se tiver seis (vereadores de Oposição), vai para o pleno e vai ser deferido (o pedido de CPI). Qual é a ideia que se tem; que se pode?! Um membro da bancada… E aí eu me coloco a disposição para fazer isso, subscreve… Subscreve não, assina o requerimento e que o requerimento, sendo assinado por um, vai a plenário, vai para votação e, aí, é derrotado no plenário. Se a bancada se comprometer, a gente derrota e “zé finí”… Morreu! Ele (Ernesto) não pode colocar outro com esse mesmo objeto”.

Já Junior Gomes também frisou a importância do papel da bancada na eficácia da manobra:

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“Ontem, Marcelo (Diógenes) deve lembrar que eu disse: Ó pessoal, a gente protocolou o requerimento (pedindo a CPI). Façam de conta que não existiu nada. Eles (a Oposição), vão protocolar o deles por que: porque só dá certo isso (a manobra) se tiver a união da bancada todinha. Se não tiver, não adianta. Falta conversar com Zé Minhoca, com Narah (Leandro) e com Afrânio (Marques) e hoje a gente volta a conversar, lembra disso?! Hoje a gente volta a conversar e agora, antes da gente voltar a conversar, todo mundo está sabendo?!”, frisou, insatisfeito.

Marcelo Diógenes, procurador da Prefeitura, falou sobre as implicações jurídicas da manobra, citando que tirou todas as dúvidas que havia nos vereadores antes da mesma acontecer:

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“Antes de a gente discutir, Afrânio (Marques) e Zé (Minhoca), a questão da estratégia que a gente ia traçar, antes de conversar com vocês, eu sentei aqui e tirei toda e qualquer dúvida em relação ao que Marcelo (Fama) disse, em relação a processo, em relação a acusarem o Edson (Vieira)… Tudo! Não sei se você lembra (indagando Junior Gomes). Se alguém tem dúvidas… Quando todo mundo disse que não, ai eu disse: Junior, agora vamos falar o que a gente pensou hoje de manhã. Tem alguma dúvida, não?! Toca o baixo. Aí foi quando a gente entrou na discussão do que a gente ia fazer em relação a CPI e, inclusive, a gente explicou o motivo porque a gente quer barrar essa CPI porque: O governo todo tem que se fazer manobra… Não é manobra, tem que tomar seu tempo para correr atrás e eu passei o domingo, a tarde todinha, até 20h, tratando sobre isso”.

Jessyca Cavalcanti também falou sobre o vazamento de informações da reunião anterior a manobra, antecipada por este blogueiro em um editorial:

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“Ele começou assim: ‘Comenta-se nos bastidores que está sendo feita uma manobra política para que essa CPI não aconteça. Um requerimento colocado pelo presidente ou pela mesa diretora, não sei ainda, vai colocar e os demais (vereadores) vão votar contra’. Eu fiquei atônita na hora… Desse jeito, desse jeito entendeu?! Eu fiquei atônita e eu disse a Edson outro dia: Quem tem uns aliados desse jeito, não precisa de Ernesto Maia, pois isso é uma puta sacanagem. Sabe porque é pior?! Porque você é apunhalado pelas costas. Sai daqui tudo bonitinho e você vai e mete o cacete pelas costas. (…) A gente só pode dizer “melhore” e se decida o que você quer. Ou você tá comigo ou você tá contra mim. Aqui ninguém é inocente e todo mundo sabe as artimanhas da política. Isso faz parte também. Eu fiquei perplexa”, destacou a vereadora.


A expectativa agora é que, diante das revelações, como se comportarão os vereadores de Oposição, já que devem entrar na Justiça pedindo a anulação da votação que impediu a instauração da CPI.

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